segunda-feira, 16 de abril de 2012

O preço da suposta autenticidade

Quando estamos num relacionamento temos a sensação de que vivemos em função da vida de outro e não de sua própria vida. Sabe aquela coisa de não poder ser quem a gente é...?! As vezes fico obcecada com este pensamento. Mas o constante pensar acabou me remetendo a uma antiga carta que escrevi para uma grande amiga. Entre tantos assuntos banais, escrevi:         
“Sou livre e independente, mas estou acorrentada a certas coisas que me impedem de ser eu mesma. Tem milhões de pessoas que me sufocam querendo me controlar de todas as maneiras possíveis. Isso é horrível... As vezes dá vontade dar um basta, abrir o jogo que não admito isso, mas você sabe que nem tudo o que a gente quer a gente tem coragem pra se por a prova se era realmente isso que a gente queria! E mais uma vez, o medo vence!”
            Os anos passam, mas nossas convicções mais profundas nos acompanham sem que sequer nos demos conta disso. Essa carta foi escrita no dia 20/04/2002. Daqui a quatro dias completará dez anos. O que isso significa?
Um dia quando estiver me sentindo só, devo lembrar-me desse sentimento. Dessa coisa que tanto me atormenta: viver em função da vida de outro, sem poder ser quem a gente é. Entender... ceder... aceitar. Até que ponto sem que nossa “autenticidade” se perca?
“Afinal, o que querem as mulheres?” (frase célebre de não sei quem...).
O homem tem razão em sua lógica de se julgar no direito de ter mais direitos?
A mulher que se considera como igual em direitos conseguirá sobreviver em coerência com seu livre-pensar?
“Calculamos o valor das coisas pelo preço que pagamos por ela.” (também não lembro quem disse isso).  Parece óbvio, mas pensem bem...
Quanta força nós mulheres temos para usufruir o direito de sermos livres?
Isso fica até sem sentido já que o próprio ideal de liberdade é algo utópico. Estamos todos à mercê de fatores que independente da nossa vontade determinam a maneira como vivemos e como pensamos.
Enfim, pode a mulher viver sem a aura de santidade que o título de esposa lhe confere?
E o homem? Pode sobreviver sem essa ilusão?
Talvez a culpa seja do próprio amor.

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